Dia Mundial do Meio Ambiente é marcado por denúncias e mobilizações nas redes
Enquanto o país está
desgovernado e milhares de brasileiros e brasileiras estão perdendo a vida pelo
novo coronavírus (Covid-19), Jair Bolsonaro (ex-PSL) e seu ministro do Meio
Ambiente, Ricardo Salles, estão preocupados em "desburocratizar" e liberar cada
vez mais a exploração e o desmatamento da Amazônia e de outros biomas
brasileiros. E assim ameaçar a vida do planeta e das futuras gerações.
Este é o
contexto das denúncias e mobilizações que acontecem nas redes sociais nesta
sexta-feira (5), no Dia Mundial do Meio Ambiente no Brasil, no dia de agitação
que acontece em todas as redes sociais com a hashtag
#PelaAmazôniaForaBolsonaro, convocado pela CUT, frentes Brasil Popular e Povo
Sem Medo.
As
manifestações apenas nas redes é para manter o isolamento social
necessário durante o período da pandemia e preservar vidas.
"O governo
Bolsonaro está destruindo as políticas ambientais, prejudicando toda a
sociedade e, de forma mais intensa, povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas.
O país bate recordes de desmatamento e o ministro Salles chegou a confessar que
queria aproveitar a pandemia da Covid-19 para passar uma ´boiada´ - ou seja,
aprovar leis que afrouxam a fiscalização ambiental e beneficiam garimpeiros,
grileiros e pessoas que cometem ilegalidades", diz trecho da chamada da
mobilização.
O texto faz
referência a fala de Ricardo Salles, na reunião ministerial do dia 22 de abril,
quando disse que era preciso ter "um esforço nosso aqui enquanto estamos
nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só
fala de Covid, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e
simplificando normas".
O manifesto
também critica o decreto publicado por Bolsonaro em maio deste ano, que
transferiu a concessão de florestas públicas federais do Ministério do Meio
Ambiente (MMA) para a pasta da Agricultura (Mapa), e que apresenta um conflito
de interesses prejudicial aos ecossistemas.
"Enquanto nos
chocamos com a escalada das mortes por COVID19 e com o desumanos aumento das
violências racistas, do feminicídio e da desigualdade social, as gerações
futuras também são ameaçadas com ´a boiada´ deste governo de morte na Amazônia,
no Cerrado e demais biomas brasileiros", diz o secretário do meio ambiente da
CUT, Daniel Gaio.
O
ambientalista e deputado Federal Nilto Tatto (PT-SP), em sua conta no Twitter,
disse que Ricardo Salles transformou o Ministério do Meio Ambiente em puxadinho
da Agricultura, para defender interesses privados: do agronegócio, de
latifundiários, de especuladores, e até de grandes mineradoras internacionais.
Os números da devastação
ambiental
Dados e
denúncias feitas por sindicatos, ambientalistas, militantes e movimentos
sociais nas redes comprovam a informação do dirigente.
O Brasil
perdeu, em 2019, pelo menos 1.218.708 hectares de vegetação nativa, área
equivalente a oito vezes o município de São Paulo, segundo Relatório Anual do
Desmatamento do MapBiomas.
A Global
Forest Watch divulgou seu relatório anual que apontou o Brasil foi responsável
por um terço do desmatamento em florestas primárias tropicais do mundo, onde
são concentrando mais biodiversidade e armazenando mais carbono (Amazônia,
Cerrado, Mata Atlântica, Pampas, Caatinga e Pantanal). Ao todo, o país destruiu
um total de 3,8 milhões perdidos ao redor do planeta.
Só na floresta
Amazônica, em meio ao isolamento social devido a pandemia, o desmatamento
cresceu 63,75% em abril de 2020, de acordo com os alertas feito pelo sistema
Deter-B, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Neste ano, foram emitidos alertas para 405,6 km², enquanto no ano anterior, no
mesmo período, foram 247,7 km².
E de acordo
com o SOS Amazônia, o afrouxamento da fiscalização do governo federal explica
aumento de quase 30% do desmatamento da Mata Atlântica! A "boiada" do
ministro ameaça área verde de onde vem a água que abastece mais de 100 milhões
de brasileiros.
"Enquanto o
mundo inteiro acompanha a redução das emissões de gases de efeito estufa neste
período de isolamento, pela diminuição da poluição industrial de transportes, o
Brasil talvez seja o único que vai ter um aumento das emissões de gases por
conta do aumento estúpido do desmatamento e do confinamento de gado pela
pecuária", diz Daniel Gaio.
Segundo ele,
não se pode esquecer que Bolsonaro sempre minimizou a destruição das nossas
florestas, colocando a conta dos incêndios na seca e em Ongs, e que governa
para garimpeiros, grileiros e pessoas que cometem ilegalidades.
Além disso,
afirma Daniel, o governo promoveu desde os primeiros dias do governo
retrocessos na pasta e ainda mente para o mundo quando vai a ONU e diz que o
Brasil é um dos países que mais protegem o meio ambiente.
"Este governo
de morte junto com Salles é cretino e criminoso, porque o que estão fazendo com
o meio ambiente é irreversível e vai matar milhares de vidas e também será
responsável por outras pandemias que poderão surgir".
Mobilização nas redes
No Twitter,
onde acontece um tuitaço nesta sexta, a CUT lembrou da fala de Salles na
reunião ministerial do dia 22 de abril e disse que nunca deve sair da memória
do povo.
O portal do
PT na Câmara alerta que não há nada que ameace mais o meio ambiente do que o
desgoverno Bolsonaro, que, dentre outros absurdos, chega a ter um ministro do
Meio Ambiente que é contra... o meio ambiente!
Vários sindicatos,
movimentos sociais, militantes e parlamentares também usaram o Facebook para
manifestar indignação e dizer Fora Bolsonaro.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) citou e indicou o documentário "Coração da Divisa" que aborda a história de Cabeceira do Piabanha, uma comunidade tradicional do sertão de Minas Gerais, que luta contra os interesses de fazendeiros e da mineradora Nacional de Grafite, uma das facetas desta "boiada".
Fonte: CUT