Dia Internacional da Agricultura Familiar e sua importância para o Brasil
Em 2014, a
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) instituiu o
dia 25 de julho como Dia Internacional da
Agricultura Familiar. Mas, afinal, qual a importância da
atividade?
A agricultura familiar se caracteriza
pela produção agropecuária em uma
extensão de até quatro módulos fiscais -- unidade de medida,
em hectares, que varia entre municípios; isto é, pode variar entre diferentes
locais do país --, cuja produção deve utilizar mão de obra da própria família
nas atividades econômicas.
De acordo com o Censo
Agropecuário de 2017, o mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), a atividade familiar emprega mais de 10 milhões de pessoas,
ou seja, 67% do total de pessoas na agropecuária. Isso significa que ela é
responsável por 40% da renda da população economicamente remunerada no campo.
Ainda
segundo o Censo Agropecuário, a agricultura familiar possui uma extensão de
área com 80,9 milhões de hectares, equivalente a 23% da área total dos
estabelecimentos agropecuários brasileiros.
Como a
agricultura familiar funciona?
Agricultores
familiares podem recorrer à política pública do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para buscar financiamento
subsidiado de serviços agropecuários e não agropecuários.
O
recurso, administrado pelo BNDES, é destinado ao custeio e investimento em
implantação, ampliação ou modernização da estrutura de produção, beneficiamento
e industrialização. Também podem recorrer ao financiamento produtores que
queiram prover serviços no estabelecimento rural ou em áreas comunitárias
rurais próximas, visando à geração de renda e à melhora do uso da mão de obra
familiar.
Pequenos produtores rurais, povos e
comunidades tradicionais e assentados da reforma agrária são considerados
agricultores familiares. Vale frisar que, os produtos advindos da agricultura
familiar servem de alimentos para os próprios agricultores e consumo de parte
da sociedade.
Outro detalhe é em
relação à renda familiar, pois ela precisa ser originada das atividades
econômicas vinculadas ao próprio negócio, além de a direção do empreendimento
agropecuário ser exercida por membros da família.
Qual a importância da
agricultura familiar?
A
agricultura familiar é responsável por fornecer alimentos como verduras, ovos,
leite e frutas. De toda a produção global de alimentos, 80% têm origem em
propriedades familiares, diz a Organização das Nações Unidas (ONU).
No Brasil,
70% dos alimentos vêm da agricultura familiar. Conforme indica o Censo, a
atividade é responsável pela economia de 90% das cidades com até 20 mil
habitantes.
Para o IBGE, o crescimento brasileiro depende diretamente das famílias
que exercem este tipo de atividade econômica. Atualmente, ela está distribuída
da seguinte forma no país:
- 50% no
Nordeste, responsável por cerca de 1/3 da produção familiar nacional
- 19% na
região Sul
- 16% no
Sudeste
- 10% no
Norte
- 5% no
Centro-Oeste
Qual o panorama da agricultura
familiar no Brasil?
O Brasil
está na 8ª colocação no ranking dos países que mais produzem alimento na
agricultura familiar, de acordo com levantamento de 2018 do Ministério do
Desenvolvimento Agrário. O segmento também é um grande fornecedor de
matéria-prima para laticínios, fábricas de sucos, hortifrutis em supermercados
e merendas escolares.
Em relação
ao faturamento, a agricultura familiar do Brasil tem uma receita de US$ 55,2
bilhões por ano. No que diz respeito à agricultura exercida pelas famílias
brasileiras, ela responde por 38% do Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário,
conforme dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Quais são os produtos cultivados na
agricultura familiar?
A
agricultura familiar é responsável pela metade da produção de inúmeras culturas
agrícolas brasileiras entre elas: café, mandioca, banana, entre outros. Em
todos os biomas é possível encontrar produtos produzidos pelo grupo.
Sua
principal característica é a policultura, ou seja, o cultivo de diversos
produtos em uma mesma área. Atualmente, agricultores familiares produzem, entre
outros exemplos:
- 70% do
feijão,
- 34% do
arroz,
- 87% da
mandioca,
- 60% da
produção de leite,
- 59% do
rebanho suíno.
Agricultura familiar e bioeconomia
Um dos
exemplos do setor pode ser ilustrado com o caso de Manoel do Carmo, um
agricultor familiar de Tomé-Açú, região nordeste do estado do Pará. Lá, ele
produz pimenta do reino, cacau, cupuaçu e desde 2014 passou a cultivar palma de
óleo (dendê). Carmo é um dos 400 agricultores que fazem parte do Programa de
Agricultura Familiar do Grupo BBF (Brasil BioFuels).
Desde que
começou a cultivar a palma de óleo em 10 hectares, em conjunto com outros
produtos agrícolas, seu Manoel diz que a vida melhorou. "Antes do dendê
passávamos por muita dificuldade. Tínhamos que pedir dinheiro emprestado. A
partir do dendê consegui melhorar a qualidade de vida da minha família, formar
meus seis filhos e melhorar minha habitação", afirma o agricultor familiar.
História parecida ocorreu com José de
Matos, da mesma região e também participante do programa da BBF. Segundo ele, antes do trabalho em conjunto com a empresa, "as
coisas eram difíceis". "Por meio da BBF é que a gente agora tem alguma coisa.
[Temos] casa, trator, moto, tudo através [do cultivo] do dendê", diz.
Escrito por: Iara Siqueira
Fonte: Exame