Câmara dos Deputados opta por alimentos menos saudáveis para os brasileiros
Num perÃodo em que o "Pacote do Veneno" e a restrição à venda de alimentos orgânicos são aprovados pela Câmara dos Deputados, o Relatório de Informações Municipais 2017, divulgado nesta última semana pelo IBGE, aponta que apenas 36,5% dos municÃpios brasileiros (2.033 cidades) possuem ações ou polÃticas públicas de fomento à agricultura orgânica.
O Brasil ainda engatinha neste aspecto. Em 2016, enquanto em paÃses como a Argentina se produzia agricultura orgânica em aproximadamente 3,6 milhões de hectares (ha), o que correspondia a 2,6% do total da terra agrÃcola deste paÃs, o Brasil o fez em somente 705 ha, o que corresponde à Ãnfima proporção de 0,27% da terra agrÃcola nacional. Mesmo em outros paÃses territorialmente bem menores estes dois números costumam ser bem superiores, como na Espanha (1,6 milhões de ha e 6,4%), Itália (1,1 milhões de ha e 9,1%), Alemanha (1 milhão de ha e 6,2) e França (1 milhão de ha e 3,8%).
Ao analisar o gráfico a seguir, nota-se que a região que possui a menor proporção de municÃpios com polÃticas ou ações públicas de estÃmulo à agricultura orgânica é a Centro-oeste, com 29,6% do total de seus municÃpios, justamente aonde estão localizados alguns dos maiores agronegócios do paÃs e onde exercem grande pressão sobre a polÃtica local. Na sequência aparecem as regiões Sudeste (31,7%) e Norte (35,3%). As regiões com maior proporção de municÃpios com apoio à produção orgânica são a Sul (41%) e a Nordeste (40%).
Além de serem mais saborosos, com sabores e aromas mais intensos, os alimentos orgânicos são mais saudáveis por serem produzidos sem agrotóxicos, e no caso das carnes e ovos, sem hormônios, anabolizantes ou antibióticos na dieta animal. Em consequência sua produção causa baixo ou nenhum dano ao meio ambiente. Sua produção via agricultura familiar ainda propicia geração de renda a milhões de famÃlias e movimenta economicamente o circuito produtivo alimentÃcio. No entanto, como visto, estes benefÃcios vem sofrendo cada vez mais dificuldades para chegar à mesa do consumidor brasileiro.
Escrito por: Fundação Perseu Abramo/ Ronnie Aldrin Silva Publicado em: 11/07/2018 - 14:02
Fonte: CONTRAF-Brasil