Bayer retira glifosato do mercado dos EUA, mas no Brasil veneno continua livre

A gigante alemã Bayer, fabricante do produto Roundup, que contém glifosato,  teve de pagar mais de R$14 bilhões, de janeiro a março deste ano,  em indenizações provenientes de125 mil processos na justiça, principalmente nos Estados Unidos, onde são pleiteados mais de R$ 50 bilhões.


Os prejuízos devido aos consumidores que contraíram o linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer, levaram a empresa a retirar o Roundup da comercialização residencial nos Estados Unidos, mas disse que vai manter a venda no mercado agrícola.


Enquanto no exterior, a Bayer, compradora da Monsanto por US$ 63 bilhões, que originalmente fabricava o Roundup, tem perdido milhares de ações, no Brasil o glifosato continua sendo produzido.


Apesar do alerta de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), que consideram o produto como provável agente causador de câncer, ao fazer a reavaliação toxicológica do glifosato, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluiu  que seu uso pode continuar sendo permitido no país. Para os técnicos da Anvisa que concluíram a análise em fevereiro, o produto não causa prejuízos à saúde.


No Brasil são 110 agrotóxicos com glifosato, principal ingrediente ativo de diversos herbicidas usados em plantações e jardins. Desde o início do seu governo até o final de 2020, Jair Bolsonaro (ex-PSL) liberou para uso no país 945 agrotóxicos.


Luta dos Químicos contra a escalada do uso do veneno no Brasil

São históricas as lutas em defesa da saúde e contra as contaminações de produtos cancerígenos na categoria química. Nos Químicos do  ABC,  nos anos de 1980 e 1990, várias greves ocorreram para exigir proteção e mudança de produtos para menos perigosos e cancerígenos, como foi o caso da Ferroenamel, Matarazzo, Solvay, entre outras empresas. Também ao mesmo tempo os químicos de São Paulo tiveram uma luta importante na antiga Nitroquímica.


O caso mais recente de luta contra contaminações ocorreu na BASF/SHELL em Paulínia, entre o Sindicato  dos Químicos Unificados de Campinas,  sendo que a empresa teve de pagar milionárias indenizações aos trabalhadores por decisão da justiça, em 2013.


Airton Cano, coordenador da Fetquim-CUT,  lembra que "os químicos no estado de São Paulo têm mais de 30% de cláusulas na convenção coletiva, fruto das lutas da categoria nos últimos 40 anos, que garantem cuidados com a saúde do trabalhador".


" Infelizmente, este desgoverno que é responsável pelas mortes  da Covid, também liberou um grande número de agrotóxicos que são proibidos em muitas partes do mundo, um verdadeiro atentado à nossa saúde. Continuaremos exigindo produtos seguros sem o risco de termos câncer."


André Alves, secretário de Saúde da Fetquim, chama a atenção para o uso indiscriminado do uso de agrotóxicos na agricultura.


"Aqui no Brasil é indiscriminado, sem nenhum cuidado, com bombonas inadequadas, pulverização atingindo agricultores a toda hora, devido o uso  dos mais diversos tipos de agrotóxicos perigosos", diz.


Para ele, a Bayer deve sim indenizar os clientes que sofreram câncer, pois aqui no Brasil em 2013, em Paulínia, o sindicato conseguiu com que a  BASF/SHELL pagasse elevadas indenizações aos trabalhadores contaminados, além da garantia à assistência médica até o final da vida, reembolsando, inclusive, o valor do medicamentos importados para tratamento de câncer.  


*Com informações da Fetquim

Fonte: CUT