Brigadas Digitais e Comitês de Luta da CUT reforçam atuação nas ruas e nas redes

Mais de 500 pessoas de todo o Brasil participaram de um encontro virtual realizado pela CUT, na noite desta segunda-feira (23), para ´colocar em dia´ e fortalecer as estratégias de atuação das Brigadas Digitais e dos Comitês de Luta em Defesa da Vida, do Emprego e da Democracia. As duas ações da CUT vêm, ao longo dos últimos meses, ampliando cada vez mais a presença tanto nas redes sociais quanto em espaços do cotidiano como sindicatos, comunidades, escolas e outras organizações.


Em ´velocidade de cruzeiro´, as Brigadas Digitais já têm 954 grupos formados, com mais de 10 mil brigadistas combatendo as fake news, que espalham não apenas mentiras, mas também ódio e intolerância, que podem destruir democracias e levar o extremismo de direita ao poder. Eles são os responsáveis por compartilhar informação de qualidade, baseada em fatos, em dados e números que comprovam a veracidade dessas informações.


"E cada dia mais pessoas estão se cadastrando, formando suas brigadas, seus grupos", ressaltou Roni Barbosa, secretário de Comunicação da CUT, anfitrião do encontro virtual desta segunda.


Já os Comitês, espalhados por todo o país, estão mobilizando a sociedade em todos os estados brasileiros, com o objetivo de dialogar com a população acerca dos problemas enfrentados pelos trabalhadores e trabalhadoras, contribuindo para a reconstrução do país.


A luta é por um governo que implemente uma política econômica honesta, que priorize o desenvolvimento com geração de emprego e renda, combata os aumentos abusivos dos preços dos combustíveis que impactam em todos os outros produtos.


E os Comitês, além de dialogar e apontar o responsável por essa situação, leia-se o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que ao invés de governar para o povo, prioriza a elite financeira privatizando serviços públicos e entregando o patrimônio nacional (as estatais estratégicas como Eletrobras, Correios e Petrobras), têm ainda a função de praticar solidariedade. Ou seja, atender a população mais pobre abandonada pelo poder público.


"Temos que derrotar Bolsonaro nas urnas para reconstruir o país e nossa luta é para isso. Mas até lá, o povo precisa comer, precisa sobreviver", disse Sérgio Nobre, presidente nacional da CUT, ao falar sobre os Comitês no início do encontro virtual.


Aos participantes, o dirigente fez um relato do crescimento dos Comitês em todo o país e reforçou que ainda é necessário ampliar a atuação. "Nossa meta é transformar os mais diversos locais em Comitês, inclusive os locais de trabalho e, juntos com outros movimentos sociais e com partidos políticos", disse.


Sérgio Nobre citou como exemplo a ação que ocorre em São Paulo em que ações estão sendo feitas nos bairros e nas comunidades. Grande parte da população hoje está desempregada ou vive de subempregos que não garantem uma renda digna para pagar as contas mais básicas, comer e muito menos para bancar o transporte diário, tema que faz parte das ações dos Comitês no estado.


"Estamos em campanha pelo Vale Transporte Social, mobilizando a população, colhendo assinaturas para abaixo-assinados que já estão sendo entregues a prefeituras, reivindicando gratuidade no transporte público", disse Sérgio Nobre complementando que várias prefeituras já manifestaram simpatia à iniciativa.


Nas ruas e nas redes

A batalha pela mudança do Brasil não será simples nem fácil. Analistas políticos conceituados, economistas, políticos e lideranças sindicais têm dito frequentemente que as eleições de 2022 serão, mais do que em 2018, tumultuadas e palco de um ataque feroz por meio de fake news e ameaças à democracia pela extrema direita brasileira que hoje tem em Jair Bolsonaro seu símbolo. O fascismo mostrará não somente a caras como as garras.


"Estamos há quatro meses das eleições que definirão o que o Brasil vai ser nos próximos 20 anos. Será o fato mais importante porque impacta na correlação de forças do Brasil e do mundo, já que Lula é porta-voz da classe trabalhadora no planeta. Há muita esperança nas eleições e nossa responsabilidade nessa luta é grande", disse o presidente da CUT.


O presidente da CUT ressaltou a importância da atuação articulada entre os dois meios para que a campanha eleitoral seja um campo de batalha onde a verdade, os fatos e a consciência de classe sejam os principais instrumentos a derrotar o projeto de destruição do Brasil tocado por Bolsonaro.


E ele adverte sobre o que está por vir, afirmando que "não se pode subestimar os adversários, em especial Bolsonaro, porque sua capacidade de propagar fake news é grande".


Consenso também é o fato de que não somente as eleições serão um tempo turbulento, mas o pós-eleição também. "Governar não será fácil. A direita não aceitará o resultado. Depois da vitória, é certo que nos primeiros dias eles já estarão nas ruas e em outros lugares nos atacando e precisamos estar preparados para isso", ressaltou o Secretário-Geral Adjunto da CUT, Aparecido Donizete da Silva.


Sua afirmação faz referência a uma das características tanto das Brigadas Digitais como dos Comitês que é o caráter permanente de atuação, ou seja, não somente para derrotar Bolsonaro como para fortalecer a luta e a ideologia da classe trabalhadora nos próximos anos.


"Eles têm uma máquina de desinformação e virão com tudo. Temos que estar preparados, por isso as Brigadas e os Comitês são um instrumento permanente, inclusive para aprovar projetos no próximo governo", reforçou Sérgio Nobre.


Para o enfrentamento a esse ataque, que teve seu ápice em 2018 quando as armas de Bolsonaro ajudaram a elegê-lo presidente da República, simultaneamente, a CUT e organizações que defendem a democracia buscaram soluções para combater ´esse mal´.


"Depois de 2018, usamos recursos como a inteligência artificial e vimos que o instrumento mais importante que temos é a nossa própria militância e mais ainda, os trabalhadores. Por isso, as Brigadas Digitais vêm para organizar esse exército para atuar nas redes sociais", disse Roni Barbosa, secretário de Comunicação da CUT.


Parceiros de luta

O encontro contou com a presença de Kelly Malfort, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST) e a deputada federal Maria do Rosário, do PT do Rio Grande do Sul, também membro da direção executiva nacional do partido.


O MST, segundo Malfort, também vem se firmando na criação de Comitês em todo o país, com foco nas cidades do interior, onde a atuação do movimento é mais intensa. Ao enaltecer o foco das ações, a dirigente reafirmou que a luta é para "derrotar Bolsonaro, enfrentar o golpe, acumular forças e ajudar a governar", se referindo à defesa à eleição de Lula para presidente do Brasil.


Destacou também o formato da mobilização posto pela criação dos Comitês, em um outro contexto, atual, de acesso à tecnologia. "Recupera o trabalho de base, como era nos anos 1980 [...] e implica em enfrentar o método imposto por Bolsonaro, dialogando com o povo", disse Kelly Malfort.


Ainda de acordo com a representante do MST, a juventude e o meio acadêmico são polos importantes para a criação e atuação dos Comitês e das Brigadas Digitais.


Esperança

A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), que foi vítima de um dos mais vergonhosos e violentos episódios de machismo e misoginia protagonizados por Bolsonaro, quando ainda era parlamentar (ele agrediu verbalmente a deputada dizendo que se fosse estuprador, não a estupraria porque ela ´não merecia´, chamando-a de ´ruim, feia e que não faz seu gênero´), no encontro virtual reforçou a urgência em derrotar Bolsonaro - e o bolsonarismo.


"Cada dia que esse projeto de destruição permanece no poder é mais um dia que perdemos como classe trabalhadora. Nos tomaram vidas humanas. Mais de 660 mil filhos e filhas da nação. Temos milhares de órfãos", disse a parlamentar.


Maria do Rosário também enalteceu o papel das organizações que defendem direitos sociais e trabalhistas, em especial a CUT. "Não vamos ganhar a eleição superando o ódio de dentro de nossos gabinetes ou de salas fechadas, escrevendo programas de governo. A CUT deve ser saudada por organizar os Comitê. Ao lado dos trabalhadores existe um sindicato", disse.


A deputada ainda afirmou que, se eleito, Lula não vai mudar o Brasil sozinho. "Precisa de suas bases organizadas e prontas para ir à luta enfrentar as forças retrógradas que quiseram se dar bem no Brasil".


Escrito por: Andre Accarini | Editado por: Marize Muniz

Fonte: CUT