Sérgio Nobre, presidente da CUT, convoca trabalhadores para os atos Fora, Bolsonaro
Já nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira (18), Dia De
Mobilização em Locais de Trabalho, o movimento sindical foi ´ao chão de
fábrica´ dialogar com trabalhadores e trabalhadoras sobre a atual situação do
paÃs, descrita pelo presidente da CUT, Sérgio Nobre, como "um Brasil sem
futuro, se continuar nas mãos de Bolsonaro".
Em assembleia na porta da fábrica MWM, zona Sul de São Paulo, Sérgio
Nobre denunciou a atuação genocida do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) tanto
no estrangulamento da economia quanto no enfretamento à pandemia do novo
coronavÃrus e convocou todos e todas a irem neste sábado nos atos "fora,
Bolsonaro", que serão realizados em mais de 400 cidades.
Durante todo o dia, dirigentes sindicais irão a locais de trabalho com a
missão de conscientizar os trabalhadores sobre a tragédia social brasileira e
convocar a classe trabalhadora para os atos de amanhã. Â
O nosso Brasil não tem futuro se continuar nesse caminho. Precisamos de
um presidente ou uma presidenta à altura do nosso povo, [à altura] do que o
momento exige para que o paÃs possa voltar a crescer no caminho da democracia-
Sérgio Nobre
E o dirigente relacionou apenas alguns dos motivos. Entre eles, o
desemprego em patamares elevados, como nunca antes na história, a fome, a
miséria, o fechamento de indústrias e a entrega de estatais à iniciativa
privada.
"A imprensa diz que o desemprego é de cerca de 15%, mas só entra na
estatÃstica quem procurou trabalho nos últimos seis meses. Se faz bicos, não
entra na estatÃstica, portanto, é mais de 30%", disse o dirigente, que emendou
com a triste realidade de cerca de 20 milhões de brasileiros que hoje passam
fome no Brasil, consequência da polÃtica econômica de Jair Bolsonaro e o ministro
da Economia Paulo Guedes.
"Nas ruas, nas periferias, famÃlias inteiras passando fome, dormindo nas
calçadas, pedindo nos faróis, nos supermercados. Isso tinha acabado no Brasil",
disse o presidente da CUT.
Ainda sobre o desemprego Sérgio Nobre criticou o projeto de Bolsonaro
para o paÃs, que destrói todo e qualquer espaço institucional de proteção aos
trabalhadores. "Estamos no maior desemprego e não temos um Ministério do
Trabalho. A primeira coisa que Bolsonaro fez foi acabar com o ministério [do
Trabalho], assim como o Ministério da Indústria e Comércio, que hoje não tem
mais", disse.
Destruição da indústria e do emprego
Sérgio Nobre denunciou que o paÃs está perdendo a indústria e os
incentivos a ela direcionados, caso de linhas de financiamento pelo Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de veÃculos pesados,
como caminhões e ônibus.
Também na linha da destruição, além da indústria, estão as estatais
brasileiras. Sérgio lembrou que em todos os momentos da história do paÃs em que
houve crescimento, houve investimento do Estado, oposto do que acontece agora
em que o governo federal "abre mão de todo o patrimônio dos brasileiros e usa a
capacidade do Estado para importar produção".
Toda vez que o Brasil cresceu e gerou empregos, teve impulsionamento do
Estado, de estatais e do BNDES. Foi assim com Getúlio Vargas, com investimento
nas siderúrgicas. Foi assim com os militares quando o Brasil parou de importar
e começou a fazer as coisas aqui. Foi assim com Lula, quando a Petrobras deixou
de comrar plataformas em Singapura e começou a produzir no Brasil- Sérgio Nobre
O sábado, 19 de junho, será emblemático. Em quase todo o Brasil os atos
vão denunciar o genocÃdio de Bolsonaro. É o dia em que o Brasil provavelmente
atingirá a trágica marca de meio milhão de mortes em decorrência da Covid-19.
Sérgio Nobre, na manhã desta sexta-feira, lembrou que pelo menos dois
terços dessas mortes poderiam ter sido evitadas - vidas teriam sido salvas - se
Bolsonaro "tivesse feito as coisas corretas no começo", disse o dirigente, se
referindo a demora na compra de vacinas e da criação de um comando nacional de
combate à pandemia, tão cobrado por especialistas. Â
Além de ter se mostrado contrário à vacina e ter negligenciado a
imunização com o atraso na compra de doses, Bolsonaro trata a Covid-19 como uma
gripezinha.
O capitão ´receita´ medicamentos ineficazes para combater o coronavÃrus,
como a Hidroxicloroquina e a Ivermectina, esse segundo indicado para o
tratamento de piolhos e sarna, provoca aglomerações, desrespeita protocolos de
segurança, não usa máscara e a é favor da chamada imunidade de rebanho, que
consiste na imunização pela contaminação coletiva.
E tudo isso, enquanto o Brasil vê uma média de dois mil mortos por dia.
Sérgio Nobre deu o recado aos trabalhadores. E pautas como o auxÃlio
emergencial de R$ 600, a defesa do SUS, vacinação já para todos, contra a
reforma Administrativa e contra as privatizações engrossarão o coro do Fora
Bolsonaro, que nesta sexta foi levado aos locais de trabalho e neste sábado,
ocuparão as ruas de todo o paÃs.
Â
Texto: André Accarini
Edição: Marize Muniz
Fonte: CUT