Trabalhadores estão fora da agenda de Bolsonaro, diz PRESIDENTE DA CUT
O presidente nacional da
CUT, Vagner Freitas, criticou nesta segunda-feira (3), durante entrevista à TV
Brasil 247, a intenção do governo do presidente eleito Jair Bolsonaro de acabar
com o Ministério do Trabalho, como anunciou hoje o futuro ministro da Casa
Civil, Onyx Lorenzoni.
"Os
trabalhadores e trabalhadoras estão fora da agenda do governo do presidente
eleito Jair Bolsonaro", criticou o presidente da CUT. "É um governo
absolutamente organizado para levar em consideração os interesses dos ricos,
dos bancos, do agronegócio, da grande indústria. O fim do Ministério do
Trabalho demonstra isso. É um absurdo o que está sendo cometido contra os
trabalhadores".
E a composição dos
ministérios, diz Vagner, deixa bem claro para quem o Bolsonaro tem o interesse de
governar. "Bolsonaro não acaba com o Ministério da Indústria e do
Comércio, ele não acaba com o ministério que atende aos interesses do
agronegócio, mas acaba com o ministério que trata de assuntos relativos aos
interesses da classe trabalhadora", critica o presidente da CUT.
O atual Ministério do
Trabalho como é conhecido, segundo Lorenzoni, será dividido em três, com as
atribuições da pasta distribuÃdas entre os ministérios da Economia, da
Justiça/Segurança Pública e da Cidadania. "Uma parte ficará no ministério
do doutor Moro, outra parte com Osmar Terra e outra com o Paulo Guedes",
afirmou.
Duas áreas
importantes da pasta, como a fiscalização das condições de trabalho e a
concessão de registro sindical, ficarão sob o comando do ministro da Justiça, o
ex-juiz Sérgio Moro.
"Como é
possÃvel colocar a fiscalização das condições de trabalho no Ministério da
Justiça, com Sergio Moro, cuja finalidade é absolutamente outra?",
questiona o presidente da CUT, que completa: "vai ficar ali na ´gavetinha´
a questão da fiscalização do trabalho escravo".
Desafios da organização
da classe trabalhadora
Com a eleição
de Jair Bolsonaro, o movimento sindical precisará ter muita capacidade de luta
para fazer o enfrentamento e garantir a defesa da democracia, dos direitos e da
liberdade. E, para isso, será necessário organizar e mobilizar os trabalhadores
e trabalhadoras que ainda não estão organizados nas bases tradicionais do
movimento sindical brasileiro, defende o presidente da CUT.
"Precisamos
fazer uma releitura de quem é essa nova classe trabalhadora que surgiu nessa
nova etapa do capitalismo mundial e após reforma Trabalhista do ilegÃtimo
Temer", disse Vagner, ao completar: "Nós temos de discutir e
conversar com esses trabalhadores, mostrar para eles o que significa essa
agenda de retrocesso de Bolsonaro que retira direitos".Â
E para isso,
defende o presidente da CUT, os métodos para organizar essa massa de
trabalhadores não podem ser os mesmos utilizados até agora. "É uma outra base,
são novas pessoas, que querem novas posturas de nós".Â
"Vamos
continuar na luta para que os direitos trabalhistas retornem, mas sabemos que a
tendência é de que no governo Bolsonaro haverá uma ofensiva para que se
desmonte cada vez mais o mercado de trabalho do que propriamente uma tentativa
de consertá-lo. Precisaremos dialogar com esses novos trabalhadores para
impedir isso e aumentar, com isso, a nossa representatividade".Â
"Queremos,
logo no inÃcio do governo, construir um grande encontro nacional da classe
trabalhadora, juntando todas as centrais sindicais e movimentos sociais, pois
nós vamos tirar uma pauta de reivindicação dos trabalhadores e trabalhadoras e
vamos apresentar e entregar ao governo", disse Vagner. Â
"Vamos dizer
qual modelo de previdência nós defendemos, qual salário mÃnimo queremos, vamos
dizer que queremos salário igual para homens e mulheres, vamos apresentar o que
queremos para os rurais, servidores públicos e qual modelo de educação nós
queremos. Nós vamos apresentar uma agenda propositiva para o Brasil sob a ótica
dos trabalhadores".
Segundo
Vagner, cada vez que o governo fizer qualquer movimento que mexa com os direitos
sociais e trabalhistas, como a reforma da Previdência, os trabalhadores e
trabalhadora terão sempre a CUT e seus sindicatos para fazer a defesa
intransigente de seus direitos.
"Faremos
uma oposição propositiva e firme. Representaremos a classe trabalhadora junto
ao governo e à sociedade. Faremos os movimentos que tiverem de ser feitos, como
organização no local de trabalho, greve quando for preciso e negociação quando
for o momento". Â
Assista a entrevista na Ãntegra: